Saturday, September 30, 2006

Começando essa joça...

ÀS VOLTAS COM AS IDIOSSINCRASIAS DO CLIENTE

Manias ou crenças dos clientes podem ser apresentadas a nós como condicionantes do projeto. Podemos tentar questioná-las em bases objetivas, mas há casos nos quais não há escapatória: a única saída é incorporá-las ao briefing, ou seja, considerá-las como um dos fatores a serem levados em conta no projeto.

Coloque-se na posição do designer chamado por um cliente - um bem-sucedido empresário com formação superior em engenharia - que acredita firmemente que o amarelho lhe dá azar. Ou então imagine-se diante de uma empresária que aceita qualquer cor no logotipo da empresa, desde que nao seja o verde de um certo biquini... "PA-VO-RO-SO". O mais sensato é simplesmente evitar o uso do amarelo e do verde-biquini nas propostas.

Numerologia, astrologia e fengshui de um lado, política do outro. Não são raros os clientes que, diante de uma proposta em que o vermelho é a cor predominante, manifestam o receio de que isso dê ao seu produto "um ar meio comunista". Aqui vai uma resposta que costuma funcionar: "Não parece que Coca-Cola e Marlboro sejam produtos identificados como o comunismo".

ÀS VOLTAS COM O CLICHÊ

Cada área de atuação tem sua cultura própria, da qual fazem parte os inevitáveis clichês de linguagem gráfica. Alguns clientes conseguem ser flexíveis em relação a eles, enquanto outros têm verdadeiro pavor de lhes desobedecer. É o famoso "em time que está ganhando não se mexe", mesmo se o time estiver caindo pelas tabelas. Para dar um exemplo concreto, imagine um livro cujo titulo é "Amor escaldante". Desista de ficar dando tratos à bola quando à imagem da capa. O editor exige logo a foto de um casal pelado, e o melhor a fazer é acatar o pedido e dar o assunto por encerrado.

ÀS VOLTAS COM O PRAZO

"O trabalho é para ontem", você já deve ter ouvido essa frase. Cuidado: se aceitar o trabalho nessa base, você já começa o processo em divida com o cliente, quando, na verdade, é ele que está em divida com você, por tê-lo procurado tarde demais.

Prazos curtos são a regra, não a exceção. A cultura do planejamento ainda não criou raízes profundas em muitas empresas - nacionais ou multinacionais, diga-se de passagem. Prazos curtos derivam tanto dessa falta de planejamento quanto do desconhecimento da importância do design. Normalmente, estamos no fim do processo global de projeto de um produto. A consequência é que, quando somos chamados, já está em cima da hora para o lançamento. É sempre bom lembrar que isso prejudica não só o designer, mas também o cliente, o produto e o usuário.

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Este texto foi retirado do livro "O Valor do Design", um guia de prática profissional da ADG Brasil (www.adg.org.br), bibliografia básica pra quem tá começando, e também pra quem já tá nessa a um bom tempo! :)